Data de uma das mais massivas manifestações públicas dos últimos trinta anos, esta segunda-feira, 17 de junho de 2013, entra para os livros de história e deixa um rastro de interrogações.
Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas. No Rio, 100 mil; em São Paulo, 65.000; em Brasília, 10.000. E multidões em Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Vitória, Curitiba, Maceió, Fortaleza, Belém e diversas outras cidades do país. Seu cardápio de reivindicações era amplo e variegado: mais investimentos na saúde, mais dinheiro na educação, transporte público barato, fim da corrupção, rejeição do projeto de emenda constitucional que retira poderes de investigação do Ministério Público – e ainda questões locais.
Elas se organizaram espontaneamente, sobretudo por meio da internet, e rejeitaram a tutela de qualquer grupo político – em contraponto com as marchas que lhes serviram de estopim, orquestradas nos dez dias anteriores em São Paulo por radicais de esquerda que criaram uma atmosfera de conflito na cidade.
O protesto na capital paulista na quinta-feira passada, em que a polícia usou a força contra os manifestantes, foi um ponto de inflexão. Nesta segunda-feira, as passeatas nas principais capitais do país começaram pacíficas e irreverentes. Os próprios participantes cuidaram de reprimir quem tentava estragar o patrimônio público. Nem todos tiveram sucesso. Barricadas foram erguidas em Belo Horizonte, ônibus foram depredados em Porto Alegre e, no Rio de Janeiro, 72 policiais passaram mais de quatro horas no interior da Assembleia Legislativa, cercados por uma turba que vandalizava o prédio, sem que fosse determinado o envio de uma tropa de choque. No final, vinte policiais saíram feridos. Nessas praças – talvez um outro reflexo das passeatas de quinta-feira em São Paulo –, as autoridades hesitaram em reagir mesmo quando a reação era absolutamente legítima.
Ser houve um traço comum em todas as passeatas foi o repúdio à política tradicional. Ele se mostrou nas palavras de ordem gritadas diante do Congresso Nacional - que mais tarde teve a Chapelaria e a cobertura invadidos - e na veto à presença de bandeiras e camisetas de partidos políticos no meio da multidão - algo que os repórteres do site de VEJA flagraram em diversas cidades e momentos de cada marcha. E os políticos se reconheceram alvos dos manifestantes. Passaram a segunda-feira perplexos, quando não acuados.
A presidente Dilma produziu uma platitude ao dizer que “as manifestações pacíficas são legítimas e são próprias da democracia”, ao passo que o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, confessou: “Não sei a motivação dessas pessoas, não sei que pleitos têm, não sei os objetivos. Assim não há como iniciar uma negociação”. Tampouco sabem governadores e prefeitos, que preferiram guardar distância dos protestos. Todos têm uma esfinge para decifrar.
Fonte: www.veja.com.br
Postado por Ana Paula
A indignação do povo brasileiro ficou estampada nas manifestações de rua (nas pacíficas, fique claro!). O Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo, com certeza não precisou passar uma noite no Pronto Socorro aguardando uma vaga, nem conhece transporte público e muito menos deve saber como se sobrevive com apenas um salário mínimo!!!!!!!! Decifrar o enigma da esfinge para entender o clamor público não faz parte dos seus projetos. Aliás, não lhe é conveniente mesmo!
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