Menos
de 50% das vítimas de assaltos no Brasil registram ocorrência policial, revelou
o IBGE. O número ainda é menor quando analisamos o crime de furto; nesse caso,
apenas 37,7% tiveram interesse em comunicar o delito às autoridades policiais.
Conclusão: cerca de 7 milhões de crimes praticados, anualmente, não são levados
ao conhecimento da polícia.
Mas
por que isso? Comunicar é denunciar, é reagir, é mostrar repúdio, é querer
reparação, justiça e acima de tudo medidas que freiem a criminalidade. Sem a
realidade criminal que os BOs refletem, fica restrita a resposta dos organismos
competentes. Uma análise superficial geralmente traz como causa dessa inércia
das vítimas o excesso de burocracia e descrença de que a polícia não vai tomar
providências. No entanto, é de se destacar, que quando o objeto de crime é um
bem mais valioso, como automóveis ou motocicletas, independente se está ou não
segurado, 100% das vítimas recorrem às delegacias, para o devido registro.
Outro
ponto a ser considerado, é quanto aos documentos pessoais, especialmente a
Cédula de Identidade. Posso garantir que a maioria esmagadora procura,
incontinenti, um Distrito Policial para noticiar a subtração, pois o temor que
estelionatários usem os documentos é enorme.
Após
entrevistar mais de 2500 vítimas da criminalidade nos últimos 20 anos, posso
assegurar que a esmagadora maioria não encontrou motivo ou necessidade real
para registrar BOs ficando a burocracia ou efetividade policial em segundo
plano.
Ao levar meu carro para lavar, bem enfrente
havia uma lotérica. Fiquei espantado com a fila, que dobrava o quarteirão. O
motivo era simples, a Mega-Sena estava acumulada em R$ 115 milhões. Chamou
minha atenção uma senhora sexagenária, a última da fila. Liguei o cronômetro do
relógio, resolvi auferir o tempo que levaria para a apostadora efetivar seu
jogo. 54 minutos depois findou a lavagem do carro. Fui embora e a idosa ainda
não havia sequer adentrado à casa de jogo. A demora no atendimento era o que
menos preocupava aquela pessoa. A possibilidade de se tornar milionária, mesmo
com chances diminutas, a fez aguardar, com paciência.
O
planejamento estratégico para combate a criminalidade passa pela análise dos
Boletins de Ocorrência. São Paulo foi pioneiro na implantação do Infocrim
(banco de dados digital) e no registro de BOs pela internet. Com essas
ferramentas as forças policiais passaram a mapear e analisar em tempo real a
ação da criminalidade, planejando com inteligência, rapidez e eficácia o devido
combate. O resultado foi a sensível queda dos índices criminais nos últimos
anos. Creio ser um bom motivo para que as pessoas vitimadas pela violência
compreendam a importância do registro de ocorrência policial.
Postado por Ana Paula
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